O Português Errante
Restaurante o albertino_leitão

Restaurante O Albertino – Folgosinho

Fomos passar o fim de semana à Covilhã. Quando vou à Serra, independentemente do sítio para onde vou, há uma poderosa força magnética que me leva a Folgosinho. Qualquer que seja o ponto cardeal da minha proveniência, o restaurante O Albertino, acaba invariavelmente por estar na minha rota.

O sítio é já um velho conhecido meu e, por força das circunstâncias que mais à frente explicarei, toda a aldeia também. O ambiente é castiço e tornou-se numa autêntica “Fátima” gastronómica da Serra da Estrela.

O pedido tradicional é aquilo que, em ambientes mais formais, seria chamado “menu de degustação”. O arranque é composto por pão de centeio estaladiço, cortado em fatias generosas para acompanhar enchidos assados (morcela, farinheira e chouriça com a pele tostada) e uns queijos.

Seguem-se cinco violentos pratos de carne (cabidela de coelho, feijoada de javali, borrego assado, leitão e bifes de vitela com molho de alho). A meio do leitão, perguntaram-me se deveriam trazer a vitela. Tive de explicar que a pele estaladiça do jovem animal já tinha disferido um rude golpe no meu então moribundo apetite.

O tiro de misericórdia é dado pelo arroz doce, requeijão com doce de abóbora e leite de creme queimado.

Dada a quantidade perfeitamente absurda de comida, seria de esperar que os clientes se demorassem no café e sobretudo nos digestivos. Daí que, em manobra esperta mas não muito comum, o restaurante O Albertino, oferece o café e umas aguardentes e licores mas, ao balcão. O cliente salta fora e a mesa vira mais depressa. Mas na verdade, mesmo ciente deste pormenor, continuo a ir lá e a tomar o café e o bagaço do patrão, ao fresco. Pelo que acabei de descrever, cada cliente paga 16,00€.

Posto isto e de estômago e quiçá esófago, dilatados pela abundância do bolo alimentar (como diz um bom amigo meu, “fiquei de lhe chegar com o dedo”), nem pensar em meter-me no carro e enfrentar a curva-contra-curva serrana. Então, a visita à aldeia torna-se inevitável: é imperativo andar para ajudar a digerir. Vai ser assim que vai ficar a conhecer uma aldeia serrana com ruas em verso e uma torre com a melhor vista panorâmica da região, infelizmente destroçada pelos incêndios. Melhores dias virão e a arquitetura de granito, as ruas de quartzo e os versos nas paredes, vão compensar enquanto a vegetação não o puder fazer.

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